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Matéria postada em 06/01/2020
Mãe Produz Óculos Para Bebês Cardiopatas Internados na SCMP
Após o nascimento de seu filho, Jéssica permaneceu alguns dias em outro hospital até conseguir transferência para a SCMP e confeccionou vestidos e toalhas de boca para os bebês.

Ainda que o coração sofra e o único desejo seja receber alta e ir com o filho nos braços para casa, alguns tratamentos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são mais longos e, por isso, para desfocar os pensamentos voltados a doença, é comum que as mães e/ou acompanhantes busquem alternativas para enfrentar o dia a dia em um hospital.

Na última semana, comprovando esse recorrente cenário, uma atitude chamou atenção das enfermeiras e coordenadoras da Uti Cardio da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Embora tenha deixado sua cidade natal, Poços de Caldas, e seus outros três filhos e marido há quase um mês para acompanhar os tratamentos do filho mais novo, que foi diagnosticado com cardiopatia antes mesmo de nascer, aos 22 anos, a jovem Jéssica de Sousa Flora, encanta todos ao seu redor com a sua fala mansa e seu belo sorriso.

“Descobri a doença do meu filho com 37 semanas de gestação e então já fui internada. É muito louco o dia a dia em um hospital, é mesmo uma montanha russa de sentimentos e emoções. Não tem como ficar feliz e nem sei como consigo manter o meu sorriso; as vezes, o pessoal acha que nem estou triste, mas estou, só que mesmo triste, não consigo não sorrir”, disse.

No entanto, ainda que encontrar a felicidade seja o principal desafio dos que passam longos períodos em um hospital, sentada, ao lado do seu filho, Jéssica buscou fazer algo a mais para aproveitar o tempo ócio e iniciou a produção de óculos para os bebês pacientes da Uti Cardio.

Segundo ela, a ideia surgiu após analisar os tradicionais óculos utilizados para proteger do calor do berço. “Eles são feitos de papel de carbono, mas sempre achei muito desconfortável e feio, meu filho mesmo toda hora tentava tirar; então, pensei em fazer um para ele, mas depois, quando vi que deu certo e que ocupou minha cabeça, já quis fazer para todos os bebezinhos. Sem contar que, enquanto as meninas têm as faixas e laços de cabelo, os meninos não podem colocar roupinhas e isso já nos deixa mal. Agora eles têm os óculos”, contou.

Diante dessa atitude nada egoísta, a mamãezinha, como é chamada no local, comprou todo o material necessário e estipulou como meta a confecção de dois exemplares para cada paciente, sendo os azuis com tema do personagem Batman para os meninos e o tecido de onça, para as meninas.

“Quem me conhece sabe, que se for preciso, tiro minha roupa do corpo para dar para outra pessoa. Aqui, nos tornamos uma família mesmo, uma ajuda a outra, ficamos mesmo muito próximas porque vivemos a mesma situação, então, não teria como fazer só para o meu filho e não ensinar as mamãezinhas que querem aprender”, revelou.

Ao ser questionada sobre o que espera dos próximos dias, Jéssica confessou que ver o sucesso da cirurgia do seu filho é o desejo que move o seu coração. “É difícil até pra gente entender, mas sei que só vou entender depois e então, ao viver um dia de cada vez, percebo que fico ainda mais forte”, finalizou ao contar emocionada sobre como foi a primeira vez que segurou o seu bebê no colo.

 

Importância das atividades

 

Encantada com a iniciativa de Jéssica e ciente dos benefícios que atividades como essa trazem aos acompanhantes, a enfermeira e coordenadora do setor, Grazieli Chagas, esclareceu sobre a importância de incentivar essa e outras ações semelhantes. “No geral, as mães permanecem muito tempo na UTI ao lado dos seus filhos, saem das suas atividades diárias e do convívio social e passam a viver uma vida só aqui dentro mesmo, o que pode gerar ainda mais estresse”, ilustrou.

Ainda ao explicar a rotina de quem precisa passar dias no interior do hospital, Grazieli disse que uma das vantagens de realizar artesanato, por exemplo, é a motivação despertada. “Todo o planejamento que elas fizeram durante a gestação foi cortado quando o bebê nasceu prematuro ou cardiopata, então, elas encontram nessas atividades uma forma de fazer algo pela criança e isso faz com que se sintam importantes e inclusas no processo de internação”, garantiu.

06/01/2020
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Mãe Produz Óculos Para Bebês Cardiopatas Internados na SCMP

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