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Matéria postada em 02/02/2016
A História Das Santas Casas
A Santa Casa de Misericórdia é uma irmandade que tem como missão o tratamento e sustento a enfermos e inválidos, além de dar assistência a ?expostos? ? recém nascidos abandonados na instituição

A Santa Casa de Misericórdia é uma irmandade que tem como missão o tratamento e sustento a enfermos e inválidos, além de dar assistência a “expostos” – recém nascidos abandonados na instituição. Sua orientação remonta ao Compromisso da Misericórdia de Lisboa, composto por 14 obras de misericórdia, sendo sete delas espirituais – ensinar os simples, dar bons conselhos, castigar os que erram, consolar os tristes, perdoar as ofensas, sofrer com paciência, orar pelos vivos e pelos mortos - e sete corporais – visitar os enfermos e os presos, remir os cativos, vestir os nus, dar de comer aos famintos e de beber aos sedentos, abrigar os viajantes e enterrar os mortos. Todas as obras possuem fundamentos na doutrina cristã, como nos textos bíblicos do Evangelho de São Mateus e as Epístolas de São Paulo e demais doutores da Igreja Católica, ou então provêm de tradições de povos antigos que foram incorporadas ao Cristianismo. Para realizá-las, muitas vezes a irmandade não precisa de ter uma instituição física, fazendo cumprir as catorze obras nas ruas, em presídios, etc. Por estímulo do Rei Dom Manuel I, fundador da instituição, e de seus sucessores, houve a criação de Santas Casas por todo o reino, chegando a ter unidades da instituição na África e Ásia, além da América e Europa. A atuação destas instituições apresentou duas fases: a primeira compreendeu o período de meados do século XVIII até 1837, de natureza caritativa; a segunda, o período de 1838 a 1940, com preocupações de natureza filantrópica.

Em Portugal

A instituição remonta à fundação, em 1498, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, por Frei Miguel Contreiras, com o apoio da rainha D. Leonor, de quem era confessor. A Rainha D. Leonor, viúva de Dom João II, passou a dedicar-se intensamente aos doentes, pobres, órfãos, prisioneiros e artistas e patrocinou a fundação da Santa Casa, instituindo a primeira legítima ONG do mundo, em um tempo em que seria impensável a existência de uma instituição social que se declarasse leiga e não governamental.

A instituição surgiu a partir da remodelação da Confraria de Caridade Nossa Senhora da Piedade, que era destinada a enterrar os mortos, visitar os presos e acompanhar os condenados à morte até o local de sua execução. Destinada inicialmente a atender a população mais necessitada, com funções como alimentar os famintos, assistir aos enfermos, consolar os tristes, educar os enjeitados entre outras, mais tarde passou ainda a prestar assistência aos "expostos" - recém-nascidos abandonados numa roda para que não se conhecessem os pais. Essa obrigatoriedade foi confirmada pelos Alvarás-Régios de 22 de agosto de 1654 e de 22 de dezembro de 1656. As crianças então recebiam o batismo para salvar suas almas, a amamentação das amas de leite para salvar suas vidas. As meninas deveriam também ter sua honra salva, por isso foram criados os recolhimentos, nos quais permaneciam preservadas até o casamento, quando receberiam um chamado para serem boas esposas e mães cristãs. Durante esse período, as garotas eram enclausuradas na Santa Casa, com regras a serem cumpridas, como a obrigação de se confessarem todos os primeiros domingos do mês, receberem o santíssimo sacramento da eucaristia diariamente, etc. e eram punidas caso não cumprissem com tais princípios.

O Hospital cresceu com ajuda de doações e pelo prestígio que a Santa Casa ganhava com o desenvolvimento econômico da colônia. Da época de sua fundação até a metade do século XVIII, a Santa Casa foi dirigida por pessoas situadas nos altos escalões do governo. As Santas Casas constituíam-se no principal instrumento de ação social da Coroa portuguesa, e a sua criação acompanhou o estabelecimento dos primeiros poderes governamentais.

Dessa forma, as irmandades ocupam lugar de destaque numa história de assistência, isto é, práticas ligadas aos costumes e ensinamentos cristãos e, por tanto, realizadas pelo amor de Deus e em nome da salvação da alma, como se acreditava na época de sua criação. Atualmente, a instituição está presente em todo o país, sendo a de maior porte a de Lisboa, que se encontra no Largo Trindade Coelho, entre o Chiado e o Bairro Alto. Este largo é denominado popularmente como Largo da Misericórdia ou Largo do Cauteleiro, devido à estátua representando um cauteleiro no largo, que evoca a lotaria e os jogos organizados pela Santa Casa.

No Brasil

No Brasil, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia surgiu ainda no período colonial, instalando-se em Santos desde 1543, seguido pela Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Olinda e São Paulo, sendo a primeira instituição hospitalar do país, destinada a atender aos enfermos dos navios dos portos e moradores das cidades. Nesse período, entretanto, não se pode destacar nenhuma prática como científica, por que esses saberes só emergiram no país a partir da vinda da Corte portuguesa e da criação das faculdades de Medicina e de Direito.

Além disso, pode-se destacar, com a fundação do município do Rio de Janeiro, por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia do estado, instalada pelo Padre José de Anchieta para socorrer os tripulantes da esquadra do Almirante Diogo Flores Valdez, aportada à baía de Guanabara em 25 de março de 1582 com escorbuto a bordo. Nesta cidade, responsabilizou-se, secularmente, pela administração dos cemitérios.

Em Porto Alegre, existe atualmente o chamado Complexo Hospitalar Santa Casa, um conjunto de sete hospitais que atende todas as especialidades médicas para particulares e convênios. Um centro cultural está sendo construído junto ao complexo, aproveitando os prédios históricos da instituição. Há também atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através de convênio entre o MEC, a UFCSPA e a Santa Casa. Atualmente, no Brasil, existem mais de 2500 hospitais da Santa Casa. Em Minas Gerais, esse número representa 258 instituições filantrópicas de saúde. Em Belo Horizonte a Santa Casa é uma empresa que faz parte do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte e é o maior complexo hospitalar do estado. Hoje a obra está presente em quase todas as capitais e em muitos municípios do interior do país.

As 10 Primeiras Santas Casas do Brasil

1539 - Santa Casa de Misericórdia de Olinda (PE)
1543 - Santa Casa da Misericórdia de Santos (SP)
1549 - Santa Casa de Misericórdia de Salvador (BA)
1582 - Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ)
1551 - Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES)
1599 - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP)
1602 - Santa Casa de Misericórdia de João Pessoa (PB)
1619 - Santa Casa de Misericórdia de Belém (PA)
1657 - Santa Casa de Misericórdia de São Luís (MA)
1792 - Santa Casa de Misericórdia de Campos (RJ)

Em Passos

A Santa Casa de Misericórdia de Passos tem sua história entrelaçada ao nome do Major Jerônimo Pereira de Mello e Souza, que veio de Lavras do Funil para Santa Rita de Cássia, onde residia antes de se mudar para Passos. Mas foi uma espécie de "passense de adoção", pelo fato de ter se identificado com muitas coisas de nossa Vila. A construção da Igreja da Matriz e a Escola São José, que posteriormente se transformou no CIC, são algumas das obras que a cidade deve a ele. Era casado com D. Bárbara Peregrina de Cavalho Mello. Era ela, de fato, a verdadeira senhora de todas as riquezas, e as teria colocado a serviço social em nome do querido esposo.[1]

Em 13 de julho de 1859 a Câmara de Passos tomou conhecimento da ocorrência do surto de "bexigas" da Freguesia de Carmo do Rio Claro, que pertencia a Passos. Portanto, a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Passos está mergulhada na crise da epidemia de bexigas, ou "peste das cataporas" que assolou a região entre 1859 e 1863, tornou-se grave em 1862 e acabou gerando o pânico quando atingiu o centro da cidade. Aí, as lideranças da cidade se mobilizaram, para dotar a cidade de um hospital que, na verdade, teria a dimensão de hospital regional já pois nas redondezas não havia qualquer outra casa de saúde.[1]

Em 16 de outubro de 1861 a Assembléia Provincial de Minas Gerais sancionou a Lei no 1115, criando um Hospital de Caridade em Passos. A iniciativa era exatamente de Jerônimo Pereira de Mello e Souza que usou de sua influência para pressionar os Deputados Provinciais. A lei estabelecia condições em seu artigo 3o: "O dispositivo na presente Lei, só terá efeito, depois que o cidadão Jerônimo Pereira de Mello e Souza tiver realizado sua promessa de doar em edifício adotado aos fins da Instituição, e com os precisos móveis e utensílios no valor de doze contos de réis e bem assim dotar o estabelecimento com um fundo de oito contos de réis que serão postos a prêmio em benefício da Casa".[1]

A Santa Casa foi instalada no sobrado residencial que ficava na rua das Flores, esquina do Beco do Padre Cintra (hoje R. Cel Neca Medeiros, esquina com Rua dos Maias). O Hospital foi inaugurado em 16 de abril de 1865, já então denominado de Santa Casa de Misericórdia.[1]

Em Passos, a irmandade se organizou em torno de um "Projeto de Compromisso" (uma espécie de certidão de nascimento) elaborado em 1864. A Irmandade, vinculada ao culto de Nossa Senhora das Dores a quem teve seu nome ligado, mereceu aprovação eclesiástica através da Provisão do Bispo de São Paulo, D. Sebastião Pinto do Rego, datado de 8 de novembro de 1864.

Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Casa_de_Miseric%C3%B3rdia_de_Passos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Casa_de_Miseric%C3%B3rdia

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