Uma grave crise tem afetado a saúde financeira dos hospitais filantrópicos em Minas Gerais, instituições sem fins lucrativos que oferecem à população serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como cirurgias, partos, internações, atendimentos de urgência, tratamentos contra o câncer, entre outros, e que dependem majoritariamente dessa fonte de renda para se manter.
Em média 75% dos atendimentos são para pacientes do SUS, mas a maioria dos valores pagos para cada um dos serviços prestados, não teve aumento nos últimos anos. Para se ter uma ideia: para atender um paciente numa consulta de urgência, os hospitais filantrópicos recebem do governo apenas R$11,00. E quando o dinheiro chega vem com atrasos de até 90 dias. Outro problema é que o governo de Minas tem, até maio de 2017, uma dívida de aproximadamente 250 milhões de reais com mais de 100 hospitais e não dá previsão para o pagamento. Sem dinheiro no caixa, muitos hospitais filantrópicos estão enfrentando muita dificuldade para comprar remédios, material de limpeza, fazer a manutenção dos equipamentos e pagar os funcionários. Por isso, estão ficando sem alternativa e a saída tem sido reduzir os atendimentos aos pacientes do SUS.
Diante desse cenário, a Federassantas, que representa as Santas Casas e hospitais filantrópicos de Minas Gerais, fará na próxima sexta-feira, dia 26 de maio, uma grande mobilização entre os hospitais filantrópicos em todo estado de Minas Gerais. A ação tem o objetivo de chamar a atenção da população e das autoridades da grave situação que enfrentam os hospitais filantrópicos do estado.
A Santa Casa de Misericórdia de Passos aderiu à manifestação e nessa sexta-feira, terá a sua fachada coberta com uma grande faixa preta, simbolizando o “Luto pela Saúde”. Além disso, panfletos serão distribuídos para informar à população sobre essa grave crise. Esse é um ato conjunto dos hospitais para chamar a atenção da sociedade e das autoridades.
Santa Casa de Passos
A Santa Casa de Misericórdia de Passos, realiza cerca de 80% de seu atendimento por meio do SUS, cujo a tabela há muito tempo está defasada e exige um esforço enorme por parte da Administração, Diretoria e colaboradores para superar o descaso com a saúde por parte dos governantes. Uma situação preocupante que a população, como parceira da instituição, precisa estar ciente.
Os repasses governamentais (municípios, estado e federal) constantemente, chegam à conta da Santa Casa com atrasos. Isso obriga a Instituição a tomar medidas para evitar uma crise financeira, como a redução de leitos das Unidades de Terapia Intensiva, que em média custa R$1.200,00 por dia, mas o repasse do Governo até há poucos meses era de apenas R$478,00. Este valor foi reajustado para aproximadamente R$800,00 para a metade dos 28 leitos existentes para o SUS. Apesar deste reajuste, o repasse ainda é insuficiente para cobrir os custos atuais dos leitos. Ou seja, a Santa Casa está, sistematicamente, financiando parte das despesas do SUS.
De acordo com o diretor administrativo do hospital, Daniel Porto Soares, para driblar a crise, várias medidas já foram tomadas, como o corte significativo nas despesas e adequações do atendimento conforme o contrato pelo SUS. “Essa manifestação é muito importante para que a nossa comunidade saiba das dificuldades encontradas pelos hospitais e, também, para que possamos encontrar saídas para a crise” destacou o diretor.